Page 53 - A História de Cada Um | Candeia.com
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pegue outro táxi, vá para um hotel e depois saia da cidade.”
“O que aconteceu?”, quis entender. “Brigas, disputas, e tenho
medo de alguém vir aqui para maltratá-los. É melhor você
não saber o que está acontecendo. Depois de dez dias, telefo-
ne para este número que receberei o recado e entrarei em
contato com você. Talvez mudaremos de cidade. Você enten-
deu?” “Não sei.” “Faça o que estou pedindo, por favor, por
Deus.” Ele estava apavorado e vi um revólver na sua cintura.
Prometi fazer o que ele pedira. “Aqui está uma quantia de
dinheiro. É muito. Dará para as despesas, e guarde o resto
para quando precisar.” Beijou-me e também o nenê e saiu.
Levantei-me, estava aflita e senti medo. Troquei de roupa, saí,
olhei a rua, estava deserta. Fui à casa da senhora, bati na ja-
nela, ela acordou e abriu a porta para mim. Falei que teria de
viajar, que minha mãe estava muito mal e que levaria meus 51
filhos, que passaríamos com um táxi às seis horas para pegá-
-los e para ela colocar todas as roupas deles naquelas duas
malas e, se desse, alguns brinquedos. Paguei-a e dei uma gor-
jeta. Voltei para casa e arrumei tudo o que queria levar. Estava
pronta antes das seis horas e aflita por não saber o que estava
acontecendo. O táxi chegou no horário, e passamos na casa
da senhora, que também deixou tudo arrumado. O motorista
me deixou na frente da catedral e ele disse que já estava pago.
Fiquei em um canto com as quatro malas, quatro mochilas e
três crianças, com o pequeno no colo. Meu filho perguntou:
“Quem é esse nenê?” “O filho de minha patroa”, respondi. Es-
perei dez minutos para pegar outro táxi. Dois moradores de
rua me ajudaram carregando as malas até o ponto de táxi,
dei-lhes dinheiro. Fui para a casa dessa amiga, que levou um
susto ao me ver. Expliquei de forma confusa, eu também não