Page 57 - A História de Cada Um | Candeia.com
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que aprendi a dar valor à honestidade, aos filhos; amadure-
           ci depois que senti muito medo de ser morta com um filho.
           Envolvi-me com um bandido que era assassino, um homem
           cruel, embora nunca tenha sido para mim. Estou tomando
           essa atitude, mas terei uma chaga no peito que penso que
           não cicatrizará.
             — O que fará com o dinheiro?
             — Já gastei uma parte, o resto guardarei e usarei aos pou-
           cos ou numa necessidade. Direi que viajei com minha patroa
           até certa cidade.
              Calaram-se. O ex-presidiário estava mais nervoso, algu-
           mas pessoas tentaram acalmá-lo.
              Ao chegar na cidade que ia descer, ele se levantou, foi à
           frente e ficou em pé, ele tremia. Ao parar na plataforma, ele
           gritou:                                                              55
             — É ela! São eles!
              Todos olharam. Uma senhora risonha e dois adolescentes,
           um rapaz e uma mocinha olhavam para o ônibus. A porta se
           abriu, ele desceu e correu ao encontro deles e foi abraçado
           pelos três. Os quatro choraram. Muitos passageiros choraram
           também. Bruno enxugou as lágrimas. A família ficou abraça-
           da por uns trinta segundos, depois foram embora conversan-
           do. Ele se virou para trás e abanou a mão se despedindo. Os
           passageiros ficaram em frente ao ônibus conversando.
              Como prometera, Bruno telefonou para Agnaldo, seu com-
           panheiro de banco, e contou que não somente a esposa viera,
           mas também os dois filhos, e que foram embora contentes.
              Bruno viu Maria das Graças e os filhos pegarem suas ba-
           gagens e a do nenê, iriam desembarcar. Viu Celina dar um
           beijo no filhinho e enxugou o rosto; depois, de mãos dadas
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