Page 55 - A História de Cada Um | Candeia.com
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favor, deixe as cortinas fechadas, não se aproximem das jane-
las, não abra a porta para ninguém.” Dei dinheiro para ela
comprar as passagens. À noite, ela chegou e contou que com-
prara duas passagens para o dia seguinte. À noite, pelo noti-
ciário, vimos na televisão e ouvimos pelo rádio a confirmação:
meu companheiro falecera com vários tiros, e o nome dele
era outro. No dia seguinte, acordamos cedo, minha amiga se
despediu e jurou novamente nunca contar, e a ninguém, que
o nenê era meu filho. Para todos, a história dos bandidos era
do marido de minha patroa e que ela me dera o filho. Reor-
ganizei as malas e fomos para a rodoviária. Senti-me mais
tranquila quando percebi que ninguém estava atrás de mim.
Penso que meu companheiro temia que o grupo rival se vin-
gasse dele em nós, em mim e no filho.
Celina deu por encerrada sua narrativa. 53
Não houve comentários por estarem chegando à rodoviá-
ria e no horário, às nove horas. Marilda estava com o peque-
nino no colo e as duas crianças estavam dormindo. O senhor
Agnaldo, que estava sentado ao lado de Bruno, pediu:
— Vou descer; cheguei, graças a Deus. Mas estou curioso,
queria saber se a esposa do homem que foi preso irá esperá-lo.
Tenho aqui estas fichas telefônicas e aqui está meu cartão
com o telefone da casa do meu irmão, onde ficarei. Por favor,
telefone para mim e me conte o desfecho deste caso. Estarei
esperando.
— Telefono, sim – Bruno pegou as fichas.
Desceram. Bruno viu Maria das Graças, com os filhos, e
Marilda, com o nenê no colo, telefonarem. Ele também ligou
para a mãe; no horário estava trabalhando na padaria. Pediu
para chamá-la e, para não a preocupar, disse logo: