Page 50 - A História de Cada Um | Candeia.com
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— Sim, mas somente fiz isso nas últimas cartas. Antes, não
                     tinha coragem, porque pensava que iria ficar muito tempo
                     preso e que não tinha o direito de privá-la de refazer sua vida
                     e que, preso, não tinha nada para oferecer.
                        Calou-se, todos ficaram em silêncio, até que alguém disse:
                       — Você não disse seu nome.
                       — De fato não disse e não vou dizer, nomes não interessam.
                     Iremos nos separar e todos nós continuaremos com os nossos
                     problemas e iremos atrás das soluções.
                       — Você falou da esposa e dos filhos. E seus pais?
                       — Minha mãe faleceu quando eu tinha cinco anos. Meu
                     pai casou-se de novo e sofremos muito, eu e meu irmão, este
                     que irei encontrar, vou para casa dele se ela não vier me espe-
                     rar. Nesses anos todos, nos correspondemos. Sofremos muito
        48           quando crianças, a segunda esposa de nosso pai nos maltrata-
                     va. Fomos então morar com minha avó materna. Ela foi nos
                     buscar, morava na cidade a que estou indo. Vovó era uma
                     pessoa boa, nos criou com carinho. Ela faleceu.
                        Voltou para sua poltrona e, enquanto passava pelo corre-
                     dor, escutou frases de incentivo:
                       — Calma! Com certeza, ela virá esperá-lo!
                       — Confie em Deus!
                       — Eu também quero falar! – exclamou a mãe das crianças.
                    – Sou Celina! Prefiro não levantar, estou com os dois dormin-
                     do, o pequeno está no colo de Marilda. Estou também numa
                     encrenca. Descerei numa cidade antes da capital; lá vou pegar
                     outro ônibus para ir à cidade em que morei, uma viagem de
                     três a quatro horas. Vou contar o que aconteceu comigo. Ca-
                     sei-me muito nova, tinha dezessete anos. No começo do
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