Page 51 - A História de Cada Um | Candeia.com
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casamento deu certo, mas depois começamos a brigar, e ele
me surrava, apanhei muito, tive os dois primeiros filhos. A
menina era nenenzinha quando uma amiga minha que tinha
vindo para o Sul se deu bem, arrumou um bom emprego;
viera visitar a família e me convidou para vir com ela, que me
arrumaria um emprego e disse que poderia deixar meus filhos
numa creche. Pensei em fugir, mas contei para ele, meu ma-
rido, que escutou calado, somente não contei o dia que iria
embora. Penso que ele ou não acreditou ou que naquele mo-
mento não ligou. Aproveitei que ele fora trabalhar, escrevi
uma carta de despedida e vim embora. Essa amiga pagou para
mim toda a despesa, ela não se conformava de eu apanhar e
meus pais não me aceitarem de volta. Na cidade grande arru-
mei um emprego de doméstica e creche para os dois. Quis
sair, passear, me divertir, uma senhora ficava com as crianças 49
e minha amiga e eu íamos a bailes aos sábados. Morava com
ela. Conheci, num desses bailes, um homem que tinha um
bom carro, era educado e começamos a namorar, fiquei grá-
vida. Ele aceitou numa boa, me levou para morar com ele, era
uma casa pequena na periferia, alugara mobiliada, era con-
fortável e bonita. Ele não gostava dos meus filhos, mas nunca
os maltratou, falava que somente queria a mim. Encontrou
uma solução. Perto de nossa casa, numas oito casas da que
morávamos, residia uma senhora sozinha. Ela ficaria com os
dois, recebendo por isso muito bem e o tempo todo. Saí do
emprego e fiquei de vez com ele. Via meus filhos duas vezes
por dia, dava banho, alimentos; a senhora era bondosa e cui-
dava bem deles. Essa minha amiga gostou que me mudara e
passamos a nos ver pouco. Morávamos distante, e ela, pelo