Page 38 - Véu do Passado | Candeia.com
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— Tem sim, seu braço, vovô, com o acidente, ficará imobi-
lizado, não vai mais mexer com ele – disse Kim, sério.
— Ora – disse Xandinho –, não me aborreça, vamos falar
de outra coisa. Este assunto é muito sério para um garoto de
oito anos.
Embora acreditando no neto, Xandinho resolveu conti-
nuar usando a charrete. Não tinha dinheiro para consertá-la
nem para comprar outra. Depois, gostava muito de ir até a
casa paroquial conversar com seu amigo frei Manoel, e, a pé,
cansava muito. Chegando, dirigiu-se à casa do amigo e dei-
xou o neto à vontade. Este correu para um grupo de meninos
e foram jogar bola.
A casa paroquial era simples, seu amigo sacerdote era po-
bre. Bateu e foi frei Manoel que lhe abriu a porta. Cumpri-
mentaram-se contentes.
Sentados na sala, Xandinho foi direto ao assunto que o
trouxera ali.
— Frei Manoel, estou preocupado com meus netos, Regina
e Kim. A menina diz que vê e é cega. Nas suas visões ela se
vê adulta, recorda coisas que seria impossível ela saber. Des-
creve cenas incríveis como se ela realmente já tivesse vivido
em outros lugares. Joaquim é um profeta. Diz o futuro com
facilidade. Agora mesmo me disse para ter cuidado, senão
irei cair da charrete. Ele me viu caindo, como também dis-
se que não vou morrer com o acidente, porém ficarei com o
braço imobilizado.
— Ora, acho que está se preocupando demais. Regina fala
o que talvez tenha escutado, ela me parece muito fantasiosa.
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