Page 41 - Véu do Passado | Candeia.com
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— Ora, Xandinho, você não deve acreditar nisso.
— Será que não é preferível a acreditar num Deus carrasco
que fez minha neta inocente ser cega? Por quê? – perguntou.
– Ele a fez num dia de mau humor? Foi o acaso? Ele a fez cega
e não se apiedou de a menina ser privada da visão? Isso é lá
justiça? Acharia Deus mais justo se não castigasse inocentes,
e se não deixasse esse “acaso” acontecer a torto e a direito.
Agora, se Deus é bom e justo, Regina deve ter reencarnado
muitas vezes, deve ter feito algo bem errado para nesta vida
ter tido a cegueira como resultado. Só que, por algum motivo,
ela se recorda…
— Ora, Xandinho, para tudo deve existir explicação. Não
vá procurar o João. Vou pesquisar o caso deles, tirar conclu-
sões e acharei solução.
Conversaram mais um pouco e Xandinho despediu-se,
fez suas compras e voltaram para casa. Kim estava contente
com o passeio. Amava muito o avô.
— Kim, vou lhe pedir algo, ficarei muito feliz se você fizer.
Quero que tudo o que ver conte primeiro a mim, eu decidirei
o que fazer. Você já é um homenzinho, é estudioso e inteli-
gente, mas não entende muito das coisas como eu. Frei Ma-
noel vai nos ajudar, vamos acabar com essas coisas estranhas
que acontecem com você. Não quero que o castiguem por
isso. Enquanto você tiver essas visões, ou o que for que sejam,
conte para mim, eu o ajudarei.
— Vovô, frei Manoel não vai me ajudar. Acho que não ne-
cessito da ajuda que ele pode me dar. Isso é coisa minha!
— Como sabe, Kim? – perguntou Xandinho, sério.
— Acaso, vovô, não sabemos o que é nosso? Isso é meu!
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