Page 35 - Véu do Passado | Candeia.com
P. 35

Quando partiram, todos ficaram aliviados, mas o tal ciga-
           no voltou para raptar a moça. Não a achando em casa, subiu
           a montanha pensando encontrá-la; porém encontrou foi com
           Sebastião, discutiram e o cigano morreu. Aconteceu como
           Kim dissera, como o garoto vira. Só sabiam disso ele, a filha
           e o genro. Agora, pensou, necessitava tranquilizar o neto.
             — Kim, meu neto, preste atenção no que vou lhe falar. O
           que você viu já aconteceu. Seu pai não é um criminoso, de-
           fendeu-se somente, há tempo…
              Contou-lhe tudo. O bondoso velhinho preferiu falar toda
           a verdade ao neto. Nada como compreender a verdade. Kim
           escutou silencioso, prestando muita atenção.
             — Pobre papai! O cigano não lhe dá sossego.
             — Por que diz isso, Kim? – indagou o avô. – O que você
           sabe?
             — Nada, vovô, só pressinto. Papai é triste, calado e sofre.
             — É verdade. Porém digo a você que agiria como ele agiu.
           Eu o abençoo por ele ter defendido minha filha. O que acon-
           teceu foi um acidente. Você entendeu? Ninguém, ninguém
           mesmo, nem Regina pode saber.
              O avô sabia que ele e Regina, amigos confidentes, não es-
           condiam nada um do outro.
             — Não falo a ninguém, nem ao papai, nem à mamãe, eles
           não precisam saber que adivinhei. Vovô, tem ainda perigo de
           o papai ser preso?
             — Não sei – respondeu Xandinho preocupado. – O perigo
           maior é o bando saber e querer vingar-se do seu pai. Esses
           ciganos são ruins.
             — Em todas as raças há bons e maus – respondeu o menino.




                                                                                33
   30   31   32   33   34   35   36   37   38   39   40