Page 43 - Véu do Passado | Candeia.com
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— Vovô – disse Onofre –, Rafaela não usa flores na cabeça e
por esses dias não houve aglomeração de pessoas à sua porta.
Depois, ninguém viu.
— Calma, Onofre! – disse Xandinho. – Kim, me responda:
– você também viu Onofre entre essas pessoas?
— Acho que não! Não sei! – respondeu Kim, sincero.
— Você sonhou? Viu mesmo? Foi passado ou futuro? Será
que não era o casamento deles? – continuou indagando o avô.
— Não sei, vovô, não sei… – Kim aconchegou-se no colo do
avô e este o abraçou.
— Onofre, preste atenção – disse o avô. – Quando moça
coloca flores na cabeça é porque vai casar. Kim a viu vestida
de noiva. Ele apenas sonhou, como é pequeno, não sabe dis-
tinguir o sonho da realidade. Não brigue com ele! Esqueça!
— Se ela vai casar e se está abraçada a outro, não será co-
migo – disse Onofre, triste.
— Ora, sonhos são sonhos! – exclamou o avô, tentando
tranquilizá-lo. – Você casará com ela, com certeza. Agora fa-
çam as pazes e esqueçam esse assunto.
— Está bem – disse Onofre. – Não estou mais bravo com
você, Kim. Não tem culpa. Se viu, está visto. É esperar para
ver. Como é ruim saber o futuro…
Levantou-se e foi embora.
— Kim, que mais viu que não me contou? – indagou o avô.
— Vi mamãe doente e uma grande avalanche de terra e
pedras cair da montanha.
— Não pedi para não dizer nada do que vê? Quase que Ono-
fre bate em você – disse o avô.
— Vovô, só contei a ele porque vi!
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