Page 42 - Véu do Passado | Candeia.com
P. 42
Abaixou a cabecinha pensativo. Xandinho procurou dizer
algo que animasse o neto, porém calou-se, não soube o que
dizer. Talvez, concluiu o bondoso senhor, o garoto tivesse
razão; sabemos o que possuímos. Às vezes, não queremos
aceitar, mas sabemos.
Mudaram de assunto e a alegria voltou a brilhar no rosti-
nho de Kim.
Passaram-se sete dias e lá veio correndo Kim atrás do avô.
— Vovô, vovô, acuda-me… Onofre quer me bater.
— Que aconteceu?
Xandinho largou rápido o que estava fazendo e Kim abra-
çou suas pernas. Onofre chegou, não disse nada, como tam-
bém não teve coragem de pegar o garoto.
— Que houve, Onofre? – perguntou Xandinho preocupado.
– Por que quer bater no menino?
— Vovô – disse Onofre –, não quero bater nele, só quero
que me explique.
— Eu vi! Eu vi! – gritou Kim.
— Como, moleque? Como? – perguntou Onofre nervoso.
– Vovô, Kim me disse ter visto Rafaela abraçada a outro ho-
mem. Rafaela nega com veemência. Quero que ele me expli-
que. Se mentiu, bato nele. Rafaela me ama, vamos noivar e
casar. Em quem devo acreditar, vovô, em Rafaela ou em Kim?
— Calma! – apaziguou o avô. – Sentemos aqui. Kim, me
responda: – onde você viu Rafaela com outro homem? Onde
estavam?
— Na frente da casa dela. Tinha muitas pessoas em volta,
todos alegres e com roupas novas. Rafaela usava flores na
cabeça. Estava bonita!
40