Page 39 - A História de Cada Um | Candeia.com
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Vá, meu irmão!” “Não”, respondi. Não bebi aquele dia e vi, sem
a bebida, como eu estava vivendo, as companhias, a sujeira, a
depravação. Fui dormir mais afastado do grupo e sonhei com
minha mãe. Lembro-me perfeitamente desse sonho. Mamãe
estava muito bonita, com uma blusa que ela gostava muito,
me beijou na testa e me aconselhou: “Meu filho, pare de be-
ber! Amo-o muito! Você deve se amar. Recupere a saúde, tra-
balhe e seja pai. Por favor, meu filho, pare de beber!” Acordei
e fiquei pensando no sonho, sentia o beijo de minha mãe. Pela
manhã fui à casa de minha irmã e falei que queria ir para per-
to desse meu irmão e me tratar. Ela, com receio de eu mudar
de ideia, agilizou a viagem, me deixou no lar dela, comprou
a passagem, somente de vinda, umas roupas, me colocou no
ônibus e aqui estou eu, viajando.
— Você está sentindo falta da bebida? – quiseram saber. 37
— Não tanto quanto eu pensava. Tenho orado pedindo for-
ças a Deus. Meu irmão está me esperando, ele me prometeu
remédios, tratamento de dentes e trabalho. Estou pensando
muito em mamãe e estou com vontade de me melhorar.
— Você avisou seus filhos que viajaria?
— Não. Minha irmã me prometeu que irá contar. Com
certeza, ela cumprirá e penso que eles se sentirão aliviados
por não me verem mais nas ruas. Estou há quatro dias sem
beber, sinto que estou raciocinando melhor e estou enten-
dendo meus filhos. Eles foram privados de muitas coisas por
minha causa. Quando estava com eles em casa, eu gastava
muito com bebidas, dinheiro com que poderiam se alimentar
melhor, ter brinquedos e divertimento. Nas ruas, nunca dei
nada a eles. O tempo passou e perdi muito. Minha irmã, para
me incentivar, disse que eu, sadio, posso ainda ser um bom