Page 36 - A História de Cada Um | Candeia.com
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Houve perguntas. Bruno respondeu:
                       — Não conheci meu padrinho, não me lembro dele, era
                     solteiro e não tinha filhos.
                        Passaram a conversar sobre o tempo, fofocas de artistas.
                        Pararam numa rodoviária, não desembarcou ninguém,
                     mas novos passageiros entraram, e o ônibus parou num pos-
                     to onde ficariam por uma hora para tomar banho e jantar. O
                     local cobrava pelo banho, o chuveiro ficava aberto por cinco
                     minutos. Bruno tomou banho.
                       “Ainda bem que mamãe colocou uma toalha pequena na
                     mochila. Deu para me enxugar. Não senti vontade de me en-
                     xugar com a toalha do posto.”
                        Jantou. Bruno viu Rosa Maria e uma moça ajudarem a mãe
                     com as crianças, os pequenos se divertiram no posto.
        34              Novamente seguiram viagem. Rosa Maria levantou-se e
                     serviu novamente suas deliciosas balas.
                       — Pessoal, é o seguinte – disse Rosa Maria –: estamos
                     próximos, somos no momento os próximos mais próximos.
                    Vamos fazer amizade, conversar, sejamos solidários, assim a
                     viagem será menos cansativa. Logo escurecerá, teremos umas
                     dez horas sem o sol. Iremos dormir? Algumas horas somente,
                     porque estaremos sentados e em ambiente diferente.
                       — Concordo com a senhora – uma jovem se levantou.
                       — Chamo-me Marilda e estou viajando com minha mãe
                     e meu irmão. Viemos para a cidade grande porque mamãe
                     adoeceu e veio fazer um tratamento num centro maior e es-
                     pecializado. Ficamos somente nós duas nesse tempo. Com a
                     mamãe doente e estando sozinha com ela, senti muito medo.
                    Temi perdê-la e também porque nunca havia estado num lu-
                     gar desconhecido e com tantas responsabilidades. Meu pai
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