Page 37 - A História de Cada Um | Candeia.com
P. 37
ficou trabalhando, e dobrado, para nos sustentar. Mamãe,
graças a Deus, se curou, teve alta médica, e meu irmão veio
nos buscar. Ele veio de ônibus, chegou anteontem, e estamos
voltando para casa. Ele veio somente para nos acompanhar.
A mãe levantou-se e sorriu:
— Vou me sentar. Não é prudente ficar em pé. Chamo-
-me Maria das Graças. Estou muito contente e grata ao Pai
Maior porque sarei, porque tenho uma família maravilhosa.
Faz quatro meses que estamos longe de casa. Penso que esse
tempo fora fez com que desse mais valor ao meu lar. Tenho
um excelente esposo e dois filhos maravilhosos. Minha filha
me acompanhou, deixou o namorado, tudo, para ficar comi-
go. Se tudo der certo, amanhã chegaremos.
Comentários, quiseram saber que doença ela tinha. Maria
das Graças respondeu: 35
— Foi como meu nome: uma graça alcançada. Precisei de
um transplante de rim. O doador foi um moço que sofreu um
acidente de carro. Terei de tomar muitas medicações.
Um senhor se levantou, estava sentado no fundo do veí-
culo, foi à frente.
— Sou um bêbado! Chamo-me Esequiel. Não bebi na via-
gem e não irei beber. Porque quando começo a beber não
paro; no começo fico inconveniente, depois valente, briguen-
to, vomito e acabo caindo e ficando no chão. Fiz um propósito
de não beber na viagem por saber que incomodaria; depois,
se ficar bêbado, o motorista tem ordem de me colocar para
fora e me deixar num posto. Preciso viajar. Fui casado, ou me-
lhor, morei com uma mulher, e tivemos três filhos. Comecei
a me embriagar e nossa vida ficou confusa. Reconheço que
tornei a vida de todos, dos meus familiares, muito difícil. Se