Page 35 - A História de Cada Um | Candeia.com
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com cada um de nós; devemos, antes de reclamar, criticar,
           saber o motivo, a causa.”
              Calaram-se. Bruno dormiu como a maioria dos passagei-
           ros. O ônibus parou e o motorista avisou:
             — Vinte minutos!
              Bruno desceu, viu que uma moça ajudou a mãe com as
           crianças. Ele tomou café e ficou andando em frente ao veículo.
           Não costumava ficar parado, quieto, estava sempre em movi-
           mento, ia para o trabalho caminhando, voltava para almoçar
           e na oficina não parava.
              Com todos novamente acomodados, seguiram viagem.
           Agnaldo trocou de camisa e agora estava com bom cheiro.
           Começaram a conversar.
             — Sugiro – Rosa Maria levantou-se e expressou em tom
           alto – que falemos de nós. E você, mamãe? Temos no ônibus            33
           estas suas três crianças. Não quer contar por que está viajando?
             — Não – respondeu a mulher –. Não quero falar de mim.
           Estou somente viajando.
              As crianças já estavam cansadas, começaram a pedir, a que-
           rer, e as duas maiores, a brigar. Rosa Maria não se intimidou.
             — E você – mostrou Bruno –, por que está viajando? Não é
           esta uma simples viagem. É mais de um dia na estrada.
              Bruno, que estava com receio de se entediar, gostou da
           ideia de se entrosar. Levantou-se.
             — Chamo-me Bruno. Meus pais moraram numa cidadezi-
           nha logo que se casaram, meu irmão e eu nascemos lá. Meus
           pais voltaram para perto da família, mas lá deixaram amigos e
           meu padrinho, que faleceu recentemente e me deixou de he-
           rança um sítio; estou indo lá para receber esta herança, penso
           em vender e voltar.
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