Page 33 - A História de Cada Um | Candeia.com
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Pela contagem do motorista, eram trinta e cinco passa-
geiros. Logo que saíram da cidade, uma senhora se levantou,
ocupava a primeira poltrona e apresentou-se:
— Chamo-me Rosa Maria, convido-os a orar pedindo a
Deus, a Maria, proteção nesta viagem que irá ser longa.
Rezaram um pai-nosso e uma ave-maria. A senhora con-
tinuou de pé, olhou para todos e voltou a falar:
— Irei viajar com vocês até amanhã. Passaremos muitas
horas juntos. Estive aqui, numa cidade próxima da capital, na
casa de minha filha. Foi muito boa minha estadia, fiquei com
ela por três semanas. Foi realmente muito prazeroso, não via
minha filha, o genro e os netos fazia três anos. Embora tenha
os deixado bem, estou indo embora com o coração apertado;
com certeza, demorarei para revê-los. Moro com meu compa-
nheiro, ele não é o pai dos meus filhos, o pai deles faleceu. Na 31
cidade em que resido moram também minha família, irmãos,
sobrinhos, meus outros dois filhos e enteados, mas sinto falta
desta filha. Fiz ontem balas de coco, vou servir a todos.
Risonha, agradável, passou servindo, todos pegaram. Uma
mulher, jovem ainda, com três crianças, estava à frente. Rosa
Maria fez as crianças pegarem mais balas. Essa mulher com os
infantes chamou a atenção de Bruno, estava com um menino
que talvez tivesse quatro anos, uma menina de três anos e um
nenê de um ano. Ocupavam duas poltronas. O bebê estava no
colo e as duas crianças ocupavam a mesma poltrona ao lado.
Bruno a sentiu preocupada e temerosa.
Sentou-se ao lado de Bruno um senhor que estava com
cheiro forte de suor.
— Desculpe-me o cheiro – pediu ele –, é que corri muito.