Page 30 - Escravo Bernardino | Premium | Infinda
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hegamos à feira, novamente a vi, desta vez observei-a
                          bem. Agora entendia o que se passava naquele local.
                    CAli comercializavam alimentos, animais e escravos.
                       — Negros nojentos! – disse uma mulher, cuspindo de
                     lado com ar de nojo.
                       — Serão bons escravos? – um senhor, após nos observar,
                     indagou.
                       — Este parece dócil! – comentou uma mulher, com
                     olhar estranho.
                       — Queria ver esse puxando o arado.
                        Eram muitos os comentários que escutávamos das pes-
                     soas que passavam examinando-nos.
                        Estávamos amarrados uns aos outros, vigiados pelos
                     capatazes. Começou o leilão, fomos exibidos, faziam com
                     que mostrássemos nossos dentes. Diziam nossa idade e
                     nome.
                        Fiquei por último, vendo com o coração apertado e com
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