Page 25 - Escravo Bernardino | Premium | Infinda
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— Ele será também, nessa vida ainda de preferência ou
quando morrer, até se nascer de novo. Não descanso, não
sossego até que me vingue.
— Estou com você – afirmou o outro – me vingarei
também. Se ele é capaz de fazer uma maldade desta e Deus
permite, o Pai Maior também permitirá que nos vingue-
mos dele. Há de sofrer, o danado!
Senhor Ambrózio nada disse, afastou-se de novo. Co-
mecei a chorar alto, inconformado, e a implorar piedade.
Outros também o fizeram.
Lembrei-me do dia em que salvei o Coronel. Tinha
sido tempos atrás. Seu pai ainda era vivo. O Coronel havia
saído montado num cavalo bravo. Seu pai me mandou ir
atrás dele. Sempre gostei de animais e cuidava deles com
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facilidade e presteza. Era a pessoa indicada para dominar —
animal. Peguei um bom cavalo e fui a galope para onde 23
tinha ido o Coronel. Logo que o vi, o cavalo inquieto não
lhe obedecia e ele tentava equilibrar-se com dificuldade.
Usando um velho truque, fiz o cavalo dele me seguir e
fechei-o num barranco. Pulei do meu cavalo, segurei as
rédeas. O Coronel conseguiu descer, branco de susto. Des-
maiou, mas não se machucou. Por uns tempos fui um
herói. Ganhei roupas e algumas regalias. Agora tudo es-
quecido, mandavam me vender como um cavalo.
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