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— Ele será também, nessa vida ainda de preferência ou
           quando morrer, até se nascer de novo. Não descanso, não
           sossego até que me vingue.
             — Estou com você – afirmou o outro – me vingarei
           também. Se ele é capaz de fazer uma maldade desta e Deus
           permite, o Pai Maior também permitirá que nos vingue-
           mos dele. Há de sofrer, o danado!
              Senhor Ambrózio nada disse, afastou-se de novo. Co-
           mecei a chorar alto, inconformado, e a implorar piedade.
           Outros também o fizeram.
              Lembrei-me do dia em que salvei o Coronel. Tinha
           sido tempos atrás. Seu pai ainda era vivo. O Coronel havia
           saído montado num cavalo bravo. Seu pai me mandou ir
           atrás dele. Sempre gostei de animais e cuidava deles com
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           facilidade e presteza. Era a pessoa indicada para dominar             —
           animal. Peguei um bom cavalo e fui a galope para onde                 23
           tinha ido o Coronel. Logo que o vi, o cavalo inquieto não
           lhe obedecia e ele tentava equilibrar-se com dificuldade.
           Usando um velho truque, fiz o cavalo dele me seguir e
           fechei-o num barranco. Pulei do meu cavalo, segurei as
           rédeas. O Coronel conseguiu descer, branco de susto. Des-
           maiou, mas não se machucou. Por uns tempos fui um
           herói. Ganhei roupas e algumas regalias. Agora tudo es-
           quecido, mandavam me vender como um cavalo.
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