Page 22 - Escravo Bernardino | Premium | Infinda
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Levantei a cabeça, Mara dormia, passei a mão pelos
                     seus cabelos, olhei os filhos.
                       “Amo-os muito, quero-os mais que a mim mesmo!”
                        Tentei não pensar mais, logo teria que levantar para
                     trabalhar. Acabei por adormecer.
                       — Bernardino, levanta!
                        Era Mara me acordando, sorrindo. Levantei e junto
                     com os outros companheiros fomos para a lavoura. Eram
                     umas dez horas da manhã quando o sr. Ambrózio me
                     pediu para voltar à fazenda. Vi que ele mandou também
                     que outros voltassem à sede.
                        Cheguei ao pátio e lá estavam vinte companheiros.
                     Olhamos uns para os outros sem saber o que acontecia.
                     Cheguei a pensar que podia ser algo de errado que alguém
                     fez. Mas sem nos explicarem, dois homens brancos que
                     desconhecíamos nos apontaram as armas e os emprega-
                     dos da fazenda nos acorrentaram os tornozelos e punhos.
                    Fomos colocados em dois carroções.
                       — Aonde vamos? Por Deus, o que está acontecendo? –
                    João perguntou aos gritos.
                        Januário, um empregado cínico e mau, antipatizado
                     por todos nós, respondeu sorrindo:
                       — Vão à feira, vão ser vendidos!
                        Um grito rouco, abafado, saiu do meu peito, acho
                     que todos gritaram desesperados. Ali estavam os melho-
                     res escravos da fazenda e separados de suas famílias; ía-
                     mos embora sem ao menos nos despedir. Vendo meus
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