Page 26 - Amai os Inimigos | Candeia.com
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Havia o dinheiro que pedira e o bilhete:
“Noel, me alegrei muito com a notícia de seu retorno. Que-
ro mesmo lhe passar o cargo para me dedicar à política. Será
um prazer enorme tê-lo conosco novamente. Venha o mais
rápido possível. Abraços, Dárcio.”
Olhou o dinheiro.
— Que coisa! Mudou de novo! Não conheço esta cédula!
Acho que é mais que suficiente!
As maritacas faziam barulho. Noel levantou-se e foi dar
quirera de milho a elas. Muitas aves vinham à ilha acostuma-
das a receber alimentos e ele tinha o casal de tartaruga. Iludia-
-se achando que elas lhe pertenciam; eram somente vizinhos,
os animais ali eram livres. Olhou tudo com carinho, despe-
dia-se. Resolveu deitar um pouco e ir no dia seguinte à vila e
24 comunicar a todos que iria partir. Sentiu a presença do filho.
“Estou fazendo o que você quer! Será que lá irei sentir você,
meu garoto?”
“Sim, meu pai, não o deixarei!”
Sentiu a resposta e o beijo no rosto. Suspirou sentindo
muita paz.
— Que vou levar? – perguntou a si mesmo e respondeu: –
Uma troca de roupa, as outras vou dar para o pessoal da vila.
Vou levar estes livros! São minha riqueza!
Eram nove livros que mudaram sua forma de pensar.
Lembrava bem do dia em que ganhara os livros, foi numa
tarde que teve uma tempestade forte, um barco grande a mo-
tor se perdeu com uns turistas e ele os acolheu na ilha. Eram
três homens que saíram para pescar. Afastaram-se do hotel e
não sabiam retornar. Noel lhes deu alimentos e ficaram con-
versando, eles estranharam por encontrar ali sozinho uma