Page 31 - Amai os Inimigos | Candeia.com
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despedir do pessoal da vila? – indagou a si mesmo. – Vou hoje,
           agora! – decidiu. – Ainda bem que não tenho cachorro! Gosto
           tanto desse animal! Só tive o Bob! O pobrezinho morreu de
           velho – falou e foi para a margem do rio.
              Entrou na canoa e remou cadenciado. Chegou, amarrou-
          -a e caminhou para o único bar ali existente, naquela hora
           era bem frequentado pelos moradores locais. Todos pararam
           e olharam-no, estranhando o fato de ele vir duas vezes no
           mesmo dia à vila.
             — Aconteceu alguma coisa, Noel? Você está bem? – per-
           guntou Severino.
             — Queria conversar com vocês, por isso vim aqui – Noel
           resolveu falar logo de uma vez: – Vou embora! Volto para a
           minha cidade. Amanhã cedo partirei.
              Silêncio. Ninguém, por momentos, atreveu-se a falar; con-         29
           tinuaram parados, olhando-o, até que Mané perguntou:
             — Por quê? Você não gosta daqui?
             — Amo este lugar, aqui encontrei a paz tão sonhada. Porém,
           fugir do mundo, da civilização, não resolve nossos problemas,
           nos iludimos que não os temos por não vê-los. Ignorá-los é
           iludir-se. E não podemos viver na ilusão a vida toda. Temos
           que resolver o que ficou pendente.
              Noel falou de cabeça baixa, só para si, porque, ao olhar
           para eles, os viu pasmos, sorriu e continuou a explicar:
             — Amigos, tenho o que fazer na minha cidade natal, fiquei
           longe por muito tempo e devo voltar.
             — Você tem família? – perguntou Benedito.
             — Não!
             — Por que então? – indagou Benedito novamente.
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