Page 22 - Amai os Inimigos | Candeia.com
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Que volte e enfrente a vida! Você tem razão, já fugi por muito
                     tempo. Devo retornar!
                        Andou pela margem, olhou o horizonte. Estava clareando
                     e Noel não cansava de olhar para o firmamento.
                       — A natureza é bonita demais! Não existe cor mais linda
                     que o azul do firmamento! – sorriu. – Não devo mais falar
                     sozinho nem rir. Estranharão, quando eu voltar.
                        A ilha era pequena, fluvial, o rio que a cercava era gran-
                     de, com água limpa e muitos peixes. As árvores eram lindas,
                     a floresta nativa margeava o caudaloso rio. Noel gostava de
                     admirá-la e também os animais silvestres e até selvagens. Ha-
                     via por toda a região muitas cobras, aprendeu rápido distin-
                     guir as venenosas e conhecer todos os peixes. Pescava pouco,
                     somente quando queria comê-los.
        20             — Aprendi a cozinhar, faço peixes de diversas maneiras, lá
                     não farei mais, não terei tempo! – balbuciou.
                        A ilha ficava bem no meio do rio, tinha algumas árvores
                     nativas e outras frutíferas. Em um frondoso jequitibá fez um
                     balanço, gostava de ficar balançando.
                       “Desfrutar da natureza é muito bom, pena que muitos abu-
                     sam” – pensou.
                        Estava ali há quase cinco anos, amava o lugar. Tinha tudo
                     de que precisava. Uma casinha de um cômodo só, com o fo-
                     gão à lenha, um lampião, uma cama e alguns livros.
                        Foi cuidar da horta, tinha plantado diversas árvores e mui-
                     tas verduras. Tirava seu sustento do rio e da horta. De seis
                     em seis meses, recebia um envelope com algum dinheiro e
                     comprava café, açúcar e algumas roupas. Vinha pelo correio
                     que era entregue para os pescadores na vila do outro lado do
                     rio, na margem direita.
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