Page 22 - Véu do Passado | Candeia.com
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Continuou deitada no chão de bruços e bateu novamente
no solo. Isabela pacientemente esperou a irmã se acalmar. Aí,
novamente vieram algumas lembranças. Regina se viu adulta,
má, colocando algo tóxico, um pozinho, num pote de poma-
da que um homem usava para passar nos olhos. Ele passou,
sentiu queimar seus olhos e ficou cego, tendo muitas dores.
Levantou-se assustada, pôs a mão no ombro da irmã e
disse:
— Leve-me para casa, Isabela!
Nos arredores do seu lar, deixou Isabela e gritou pelo avô,
que veio rápido.
— Que houve, Regina?
— Caí…
— Machucou-se? – indagou o avô, preocupado.
— Não! Só que vi de novo, vovô. Eu era a mulher bonita
e má. Foi só ficar nervosa e indagar o porquê de ser cega, vi
tudo de novo.
— Conte-me tudo, Regina.
A menina acomodou-se perto do avô. Suspirou triste. De-
pois, mais calma, disse:
— Não sei explicar o que acontece comigo. Recordo, mas
nas minhas recordações vejo. Tenho a certeza de que sou a
mulher, a moça. Sou pobre, mas muito bonita, quero casar
com um jovem rico só pelo dinheiro. Faço de tudo para con-
quistá-lo, mas o pai dele desconfia das minhas intenções e
começa a atrapalhar meus planos. Sabia que este senhor, o
pai do meu pretendente, tinha uma doença nos olhos e que
passava uma pomada neles todas as noites. Planejei uma
vingança. Paguei caro por um pó a uma mulher que fazia
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