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ula, ceguinha! – eXclamou ivone, uma
                         coleguinha.
        — P— Por favor, Ivone – disse Rose, a mãe da ga-
           rota. – Ela chama-se…
             — Desculpe-me! Já sei, chama-se Regina, que é um nome
           lindo, de fadas, de rainhas – respondeu Ivone.
             — Regina significa rainha – corrigiu a menina. – Gosto do
           meu nome.
             “Um, dois e… um, dois e…” – contava mentalmente e pula-
           va. As meninas pulavam corda. Brincadeira de crianças, que
           consiste em duas baterem a corda e a outra, ou as outras, pu-
           larem. Regina tanto batia com presteza, como pulava igual às
           outras. Não seria nenhuma proeza, se Regina não fosse cega.
              A menina era cega de nascença, seus olhos negros eram
           parados, sem vida e menores do que os normais. Era boni-
           ta, cabelos negros, lábios finos, nariz arrebitado e com duas
           covinhas no rosto, que se acentuavam quando ria. E a garota
           estava sempre sorrindo. Parecia muito com o pai, Afonso. Por
           mais que a mãe pedisse para chamá-la pelo nome, muitos
           insistiam e a chamavam pelo apelido: “Ceguinha”.
              A brincadeira continuou. Ivone puxou Regina pela mão e
           a colocou no lugar em que teria de ficar; pôs a corda em suas
           mãos e esta bateu com presteza.
              Regina morava nos arredores de uma cidade pequena, em
           uma pequena chácara onde os pais, além de criar aves, culti-
           vavam frutas e verduras. Tinha uma irmã menor, de quatro
           anos, Isabela, que era linda. Puxara a mãe, loura, cabelos ca-
           cheados e com os olhos castanho-claros. Regina estava com
           doze anos. Gostavam muito uma da outra. E Isabela, embora




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