Page 25 - Véu do Passado | Candeia.com
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lhe fosse possível. Mas sentia a sinceridade do pai quando di-
           zia que ficaria, se possível, cego em seu lugar. Emocionou-se.
              Novamente as lembranças vieram…
              Estava na frente de um homem, pai do seu pretendente,
           e este lhe falava:
             “Se você não o ama, largue-o…”
             “Amo-o e ele me ama” – respondeu cínica.
             “Não acredito, farei tudo para separá-los.”
              Olhou-o bem, agora vira o rosto, sabia quem era. Depois,
           viu-o cego, com os olhos brancos, sem vida, cicatriz de quei-
           madura.
              Regina sentiu que tudo isso tinha se passado havia muito,
           muito tempo. Sentindo remorso por esse erro, procurou o ho-
           mem que cegou, encontraram-se. Ele lhe disse bondosamente:
             “Já a perdoei, tudo isso passou há tanto tempo… Naquela
           encarnação, não fiquei cego por acaso. Minha cegueira tam-
           bém teve motivos. Colhi o que plantei. Não é melhor você,
           em vez de sofrer a cegueira, trabalhar fazendo o bem? Res-
           gatar seus erros com o trabalho edificante?”
             “Há muitas encarnações que planejo, antes de reencarnar,
           fazer o bem e me perco. Faço planos de ser boa, de fazer o
           bem e, na carne, deixo para depois; envolvo-me nas ilusões
           materiais e volto triste e derrotada. Tive muitas oportunida-
           des de fazer o bem, todos nós temos, só que não fiz. Agora,
           volto cega. Não só resgato meu erro, como tenho a certeza de
           que a cegueira me fará mais humilde e prestativa. Sentindo
           essa deficiência, quem sabe aprendo a ser mais benevolente.”
             “Sendo assim, reencarnarei e a receberei por filha, mas…
           você poderá esquecer…”




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