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É claro que essa realidade não significa condenação e
           repetição desses modelos que castram e inibem o desen-
           volvimento saudável do ser humano. Mas é muito impor-
           tante refletirmos sobre nossa contribuição para as dores
           psíquicas dos nossos educandos ao utilizarmos conceitos
           educativos que padronizam e formatam o comportamento
           de um ser que está sendo confrontado com alguns valores
           que se chocam com sua estrutura psicológica.
              Evidentemente, as crianças não trazem consigo uma
           bula quando nascem; todavia, é preciso refletir se o pro-
           cesso educativo delas, que são únicas e singulares, deve
           ser o mesmo dos pais.
              Por outro lado, o adolescente que surge na sala de casa
           confrontando a “legislação doméstica” instituída pelos
           pais é resultado do que aprendeu e recebeu como exem-
           plo no período infantil.
              Outro exemplo: talvez aquele aluno que queira “apare-
           cer” em sala de aula vivencie processos de rejeição em fa-
           mília. E nada é pior para o ser humano do que a rejeição.
              A intenção dos pais, teoricamente, é a melhor. Mas até
           que ponto essa intenção não está eivada dos conflitos e
           das dores desenvolvidos por uma prática educativa limi-
           tante que vem de longe?
              Enxergamos de fato a criança como ela é ou vemos o
           que nela projetamos como resultado do nosso ideal edu-
           cativo?
              Quando contemplamos o adolescente, buscamos olhar
           para além do que aquele personagem revela diante dos
           nossos olhos?




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