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U         m verso da canção “Como Nossos Pais”, com-



                     posta pelo saudoso e vanguardista Belchior, é o ponto de
                     partida das próximas reflexões.


                       … Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais…


                        O conhecimento humano não é estático e concreto, ao
                     contrário: conhecer é um constante metamorfosear de
                     conceitos no incessante aprendizado da vida.
                        Aquele que não se predispõe a aceitar a realidade das
                     mutações pedagógicas está fadado ao isolamento e a ali-
                     mentar discursos autoritários e preconceituosos.
                        Não obstante isso seja realidade, muitos pais e educa-
                     dores se mantêm na condição de herdeiros dos traumas
                    e conflitos emocionais de seus próprios genitores, avós,
                     bisavós…
                        Essas práticas e esses hábitos herdados são, involun-
                     tariamente, transferidos para os filhos, que, por sua vez,
                     os passarão adiante a seus descendentes.
                        Entre esses atavismos educativos está a dificuldade de
                     compreender que todo ser humano vivencia suas dores
                     psíquicas e que isso independe de idade. Dessa forma, a
                     maioria de nós cresce engasgada com palavras não ditas,
                     sentimentos angustiantes, além do pior dos sofrimentos:
                    a dificuldade de falar sobre a dor que sente.
                        Em alguma medida, muitos educadores não estão acos-
                     tumados a considerar manifestações de sofrimento vindas
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