Page 25 - A História de Cada Um | Candeia.com
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ser porque continuou solteiro e não teve filhos. Você deve ir,
afinal não se pode desprezar uma herança.
Conversaram muito e decidiram que Bruno sairia do em-
prego, usaria as economias que guardara para ter dinheiro
para ir, voltar e mais um pouco para gastar lá. Primeiro de-
veria ir ao cartório, depois ir para o sítio, vendê-lo e voltar.
Concluíram também que o sítio não devia valer muito e que
ele deveria vendê-lo por um preço razoável.
“Talvez”, pensou Bruno, “me faça bem eu me afastar daqui.
Sem ver a Márcia, quem sabe a esqueço? Vou decidir, mas
somente depois que conversar com os amigos da umbanda,
com nosso protetor.”
Ele trabalhava nas segundas-feiras, ia raramente nas sex-
tas-feiras, quando os trabalhos eram atender os mais neces-
sitados e amigos. 23
Foi e prestou atenção na oração inicial, em que, além de
agradecer e pedir proteção, dona Hiolanda rogou:
— Pai Nosso, protetores abençoados, amigos, irmãos, que-
remos ajudar do melhor modo possível. Ajudem-nos, orien-
tem-nos para sermos úteis, conforme nos recomendou Jesus.
Porque quando auxiliamos somos auxiliados, orientando, re-
cebemos orientações, e é fazendo o bem que seremos um dia
boas pessoas.
Bruno pegou uma ficha para ser atendido. Na sua vez,
cumprimentou a entidade com todo respeito e carinho.
— O que queres, filho?
— Pai, estou sofrendo… – Bruno começou a se lamentar.
— A vida é assim mesmo – interrompeu a médium que es-
tava sendo intérprete da entidade –. Passamos por períodos
fáceis e outros nem tanto.