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— Às vezes penso que seria melhor…
             — Bobagem, acharia sua família, ficaria junto dela e
           só a prejudicaria.
             — Você diz que os acharei, se morrer, mas os amo e não
           quero prejudicá-los.
             — Quando a gente morre sem entender o que é a morte
           do físico, pode ficar perto das pessoas que amamos vivas
           no corpo, atrapalhando-as. E depois você os verá, e eles
           não a você, porque será um Espírito e são poucos os que
           veem Espíritos. Sofrerá muito vendo-os em dificuldades
           e não podendo fazer nada por eles.
             — Há mortos que podem ajudar? – perguntei curioso.
              Tião respondia com muita paciência.
             — Não se fala mortos, estão vivos sem o corpo de carne
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           e osso. Estão desencarnados. Sim, os bons, com entendi-               —
           mento, podem ajudar, sim, como os maus podem maltra-                  41
           tar. Desde garoto que escuto um bom Espírito a me falar
           como tenho de ajudar as pessoas. Gosto muito dele e ele
           de mim. Somos companheiros trabalhando juntos.
             — Não tem medo dele?
             — Claro que não, dos bons não se tem medo. Com os
           maus devemos ser precavidos.
             — Você falou que nascemos muitas vezes, é verdade?
             — Nosso espírito volta a nascer em corpos diferentes,
           que são formados no ventre da mulher. Sim, nós reen-
           carnamos muitas vezes. Por isso, amigo, nada que nos
           acontece é injusto. Tudo é certo!
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