Page 43 - Escravo Bernardino | Premium | Infinda
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— Às vezes penso que seria melhor…
— Bobagem, acharia sua família, ficaria junto dela e
só a prejudicaria.
— Você diz que os acharei, se morrer, mas os amo e não
quero prejudicá-los.
— Quando a gente morre sem entender o que é a morte
do físico, pode ficar perto das pessoas que amamos vivas
no corpo, atrapalhando-as. E depois você os verá, e eles
não a você, porque será um Espírito e são poucos os que
veem Espíritos. Sofrerá muito vendo-os em dificuldades
e não podendo fazer nada por eles.
— Há mortos que podem ajudar? – perguntei curioso.
Tião respondia com muita paciência.
— Não se fala mortos, estão vivos sem o corpo de carne
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e osso. Estão desencarnados. Sim, os bons, com entendi- —
mento, podem ajudar, sim, como os maus podem maltra- 41
tar. Desde garoto que escuto um bom Espírito a me falar
como tenho de ajudar as pessoas. Gosto muito dele e ele
de mim. Somos companheiros trabalhando juntos.
— Não tem medo dele?
— Claro que não, dos bons não se tem medo. Com os
maus devemos ser precavidos.
— Você falou que nascemos muitas vezes, é verdade?
— Nosso espírito volta a nascer em corpos diferentes,
que são formados no ventre da mulher. Sim, nós reen-
carnamos muitas vezes. Por isso, amigo, nada que nos
acontece é injusto. Tudo é certo!