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Então, modifiquei a minha postura íntima para o respei-
to e passei a olhá-la com nova disposição interior. Minha
força foi voltando, assim como o meu ânimo, e ela pas-
sou a falar com mais vigor e alegria. Falou praticamente
sozinha a consulta inteira. Naquele dia em especial, não
me senti no direito nem na necessidade de intervir, nem
mesmo com perguntas para além daquelas essenciais ao
diagnóstico homeopático. Prescrevi o que julguei adequa-
do, dei as orientações de praxe e, no momento da des-
pedida, ela me perguntou: “Doutor, o que há de especial
neste consultório? Estou saindo revigorada, cheia de for-
ça e alegria, mudei meu astral”. Sem a intenção de negar
o poder terapêutico da escuta silenciosa e da catarse
emocional que ela havia realizado, senti intimamente o
ressoar daquela observação e respondi: “É que hoje eu a
escutei admirando a sua força”. Ela então sorriu, com os
olhos e com os lábios, e me abraçou, saindo em seguida,
de cabeça erguida. Essa experiência me ensinou muito
a respeito do quanto as nossas posturas mudam as re-
lações e nos impactam, assim como ao outro, de forma
decisiva. Essa senhora foi uma grande professora.
Quando me refiro a posturas, quero sinalizar a disposi-
ção interna, afetiva, íntima e solitária que estabelecemos
dentro do coração perante algo ou alguém. Postura de
respeito, por exemplo, é a dignificação do outro dentro
de mim, como ele é, na aceitação do que pode ser, sem a
projeção excessiva de expectativas ou da minha sombra
pessoal, como no caso citado anteriormente. Quando
dou um lugar de amor ao outro dentro do meu coração,