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Desde as primeiras consultas, percebi que, embora
aquela senhora enfrentasse desafios, as soluções esta-
vam na mudança de postura das filhas, e por isso abordei
a questão nesse sentido. Elas foram, inicialmente, refra-
tárias. As queixas internas estavam ainda muito vivas. No
entanto, ao longo do tempo, uma delas se moveu intima-
mente e começou a exercer uma mudança significativa
em relação à mãe. Ela me disse: “Mudei a postura no meu
coração. Desisti de criticar e decidi olhá-la com carinho,
ser afetuosa com ela. E, então, ela mudou também. Tudo
está fluindo maravilhosamente”, ela concluiu, sorrindo. A
mãe, que ouvira tudo, sorriu de volta com afeto, e com-
pletou: “Ela é uma filha muito carinhosa”. Nem pareciam
as mesmas pessoas que eu havia conhecido meses antes,
que discutiam intensa e longamente na minha frente por
questões de menor importância.
A mudança de postura da filha, no coração, e, conse-
quentemente, nos atos, mudou a relação. A mãe reagiu
àquela mudança, deixando igualmente aflorar o seu me-
lhor, inclusive aceitando com facilidade, naquele momen-
to, que as filhas cuidassem das questões financeiras dela
– algo que a estressava enormemente, por puro apego.
Mas, durante meses, ela esteve irredutível. Foi somente
com a mudança de postura real da filha que aquela resis-
tência desapareceu, sem que ela soubesse o que havia
acontecido. De repente, ela se sentia bem, em posse de
seu poder de decisão, visto que estava completamente
lúcida, mas transferiu à filha o direito de cuidar das de-
cisões burocráticas por ela, desobrigando-se de um es-
tresse que já não precisava mais viver.