Page 34 - Amai os Inimigos | Candeia.com
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ilha. Estava triste e chorou. Viver isolado das pessoas é fácil,
                     sem as tentações, sem conviver é bem mais tranquilo. Viver
                     no mundo convivendo com o próximo, não se corromper e
                     não ser apegado a nada que se julga ser seu é que é difícil. Para
                     viver em sociedade tem que ser corajoso. Porém, ninguém faz
                     nada por nossa morada, a Terra, sem participar, sem conviver
                     com os outros moradores desta casa.
                       “Que Deus me ajude!” – suspirou.
                        Dormiu, acordou de madrugada e arrumou tudo para par-
                     tir. Colocou suas roupas num saco para deixar no bar, os ou-
                     tros pertences, em outro para dar ao Sebastião, colocou tudo
                     na canoa e partiu sem olhar para trás. Não queria ver a ilha
                     pela última vez. Levava no colo uma linda flor, uma orquídea
                     lilás. Quando chegou à margem, Pedro estava esperando-o,
        32           ajudou com os sacos.
                       — Ramon irá à cidade com você. Boa viagem Noel e, volte,
                     amigo!
                        Deixou os sacos no bar e foi à escola. Maria Inês estava lá.
                     Ele entrou. A escola era um salão com carteiras novas e boas,
                     uma lousa grande, estantes com livros, uma cozinha para me-
                     renda e dois banheiros. Construída com a doação dele, fora
                     um grande presente para os moradores da vila.
                       — Bom dia, Noel! – cumprimentou Maria Inês.
                       — Vim me despedir de você. Trouxe-lhe esta flor! – excla-
                     mou Noel.
                       — É linda! Obrigada! Você vai mesmo embora? Não volta?
                       — Acho que não volto mais. Maria Inês, quero que você
                     seja muito feliz! – desejou Noel.
                       — Eu também lhe desejo felicidades! – disse a professora
                     baixinho. Noel a olhou. Maria Inês era morena, olhos negros
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