Page 35 - Amai os Inimigos | Candeia.com
P. 35
expressivos e sinceros, cabelos longos castanho-escuros, não
tinha muito estudo, mas era esforçada e sabia ensinar, era a
professora da escola da vila. Todos gostavam muito dela. Ele
sabia que ela gostava dele, os pescadores haviam insinuado,
ele nunca a motivou. O único gesto seu de carinho para com
ela era aquele, da despedida, em que lhe trouxera a flor. Que-
ria realmente que ela fosse feliz e temeu que ela o esperasse.
— Maria Inês, você é uma pessoa especial, admiro-a pelo
que faz, pelo que é, tenho-a como amiga, mas é só isso. Não
viva de ilusão! Estou partindo e não volto mais!
— Os sentimentos bons nos ajudam a viver – disse Maria
Inês. – Não se preocupe comigo, vou estar bem, aqui é onde
sempre morei e morarei, gosto da escola e dos meus alunos.
— Que Deus a abençoe, Maria Inês. Adeus!
— Adeus! 33
Noel saiu e escutou um soluço, sentiu vontade de voltar e
acalentar a moça, mas seria pior. Não fizera nada para que ela
o amasse, era um amor platônico e ela o esqueceria.
“Por que às vezes, mesmo sem querer, fazemos outras pes-
soas sofrerem?” – pensou e suspirou triste.
Alguns amigos nem foram pescar para que pudessem se
despedir dele. Abraçou um por um, montou no cavalo e partiu.