Page 47 - Reconciliação | Candeia.com

Quando machucada por si mesmo e por sua imprevidência, a
criatura acusa a divindade de desamor e abandono, vivendo a negação,
fato que estudaremos adiante. Dela provém a base para o desenvolvi-
mento de movimentos regenerativos e corretivos, que visam trazer o
ser para a consciência do amor e de sua destinação como filho de Deus.

O mal, enquanto movimento da alma, leva o Espírito à culpabili-
dade, que é franca quando originada da consciência do mal, ou indireta
quando efeito sem intenção e, em seus diversos graus, sempre repre-

senta um desvio do rumo traçado, como bem afirmou Paulo de Tarso:

“Quem é, com efeito, o culpado? É aquele que, por um desvio, por um
falso movimento da alma, se afasta do objetivo da criação, que consiste no
culto harmonioso do belo, do bem, idealizados pelo arquétipo humano,
pelo Homem-Deus, por Jesus-Cristo.” 19

O mal, enquanto falso movimento, naturalmente produz efei-

tos e gera, por sua vez, um movimento de reequilíbrio do ser diante
da lei divina, que é ordenada e ordenadora. Nela estão contidos os
movimentos de estabelecimento e sustentação do universo na ex-
pressão do belo e do bem. Sempre que algum ato fere essa ordem,
aciona o movimento de reordenação imediato, ainda que imper-

ceptível. Complementa Paulo de Tarso: “Que é o castigo? A conse-
quência natural, derivada desse falso movimento; uma certa soma
de dores necessárias a desgostá-lo da sua deformidade, pela expe-

rimentação do sofrimento.” 20

• 19 • Allan Kardec, O livro dos Espíritos questão 1009.
• 20 • Ibidem.

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