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Tenho solicitado o socorro espiritual de todos os com-
panheiros, a fim de manter-me vigilante nas lições aqui
recebidas. Bem sei que a Terra está cheia da grandeza
divina. Basta recordar que o nosso Sol é o mesmo que ali-
menta os homens; no entanto, meu caro Ministro, tenho
receio daquele olvido temporário em que nos precipita-
mos. Sinto-me qual enferma que se curou de numerosas
feridas… em verdade, as úlceras não mais me apoquen-
tam, mas conservo as cicatrizes. Bastaria um leve arra-
nhão, para voltar a enfermidade. 3
Ah, dona Laura! Essas palavras fizeram um total sen-
tido por aqui quando as li, há duas décadas. Finalmen-
te, pude nomear algo que sentia, sem saber bem como
dizer: a angústia do Espírito que reencarna desperto o
suficiente para desejar aproveitar a experiência mate- ( )
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rial, mas sem a robustez moral que assegura o caminho
reto em meio aos desafios da vida material. Eu parecia
conhecer muito profundamente a insegurança de dona
Laura e pude dar um novo sentido à história que antece-
deu meu nascimento. É possível que parte dessa demora
em ser concebida estivesse relacionada ao medo. Medo
de falhar, de esquecer os compromissos assumidos, de
dormir o sono profundo da inconsciência de quem so-
mos realmente. Esse medo é meu conhecido de tal for-
ma que, agora mesmo, enquanto digito essas linhas, a
emoção me visita mais uma vez.
3. André Luiz [Espírito], Francisco Cândido Xavier. Nosso Lar. [cap. 47]