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Meus pais tinham fortes razões para não querer mais
           filhos. Meu pai já tinha três filhos do primeiro casamen-
           to quando ficou viúvo. E mais um filho da união com mi-
           nha mãe. Três meninos e uma menina: Benedito, Antô-
           nio, Sheila e José, por ordem de nascimento. Além disso,
           outras crianças faziam parte desse cotidiano familiar,
           como filhos do coração. Portanto, seria até esperado
           que não cogitassem ter mais filhos.
              Ocorre que, quando o mais novo começou a ficar
           mais independente, meu pai desejou ter mais uma me-
           nina; parecia uma tarefa fácil, posto que a chegada do
           último filho tinha ocorrido muito rapidamente. Mas não
           foi bem assim. As tentativas e idas a especialistas eram
           infrutíferas. Nenhum problema era identificado e a gra-
           videz também não acontecia. Meu pai chegou a cogi-
           tar que minha mãe não desejava a gravidez e estivesse           ( )
                                                                              29
           usando algum método de prevenção. Os anos foram
           passando e nada parecia mudar.
              Nessa época, meu pai fumava muito. Em alguns dias
           chegava a fumar dois maços de cigarro. Em dias mais
           estressantes, levantava-se durante a madrugada para
           fumar. Minha mãe ficava muito incomodada e, vez ou
           outra, tentava influenciá-lo a parar de fumar, mas sem
           sucesso. Em uma dessas tentativas, surgiu uma promes-
           sa inesperada:
             — Se você engravidar e for uma menina, prometo que
           paro de fumar!
              Em poucos meses veio o positivo para a gravidez e,
           logo em seguida, a confirmação de que era um bebê do
           sexo feminino.
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