Page 38 - Palavras para a Alma | Candeia.com
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para enfrentar o desafio. A percepção imediata é a de que
                     somos pequenos, e que estamos desamparados, despre-
                     parados, desprotegidos. Dizemos intimamente para nós
                     mesmos: “Não vou dar conta”. E, assim, o desafio se torna
                     muito grande, pois nossa postura é a de impotência diante
                     dele. Gastamos energia de ação na perplexidade. Perdemos
                     ânimo em uma espécie de nevoeiro que vemos diante de
                     nós quando não encontramos razão para o que está haven-
                     do conosco. E é comum, nessas situações, escorregarmos
                     para perguntas sem respostas, como: “O que eu fiz para
                     merecer isso?”; “Onde foi que eu errei?”. São questões que
                     advêm de uma visão curta sobre o sentido desses aconteci-
                     mentos em nossas vidas. Nossas experiências emocionais
                     não têm como ser encaixadas nos métodos conhecidos que
                     utilizamos para resolver os desafios que escolhemos viver.
                     Não há como nos prepararmos para perdas de entes queri-
                     dos, um desemprego repentino, uma doença que se confi-
                     gura incurável. Na verdade, o que se dá é que a força, que
                     tanto queremos ter para ultrapassar sofrimentos dessa or-
                     dem, não está disponível antes que eles se apresentem em
                     nossas vidas. Incrivelmente, só podemos sentir nossa força
                     quando nos dirigimos de modo aberto a esses desafios, e,
                     no enfrentamento deles, a vemos surgir e nos impulsionar
                     a seguir, até o fim. E, aos poucos, bem de mansinho, junto
                     de nossas mãos, sentimos a força de tantas outras, e, junto
                     de nossas palavras, ouvimos o som de tantas outras. É a
                     colaboração da presença divina que preenche os espaços
                     de nossas resistências ao crescimento. Sendo assim, nossa
                     fortaleza não se encontra guardada em alguma gaveta de
                     nossa casa, como também não estamos desprovidos da
                     possibilidade de sua presença. É que, para o homem, não
                     é possível armazenar força, pois, mesmo que fosse possível,
                     ela estaria sempre aquém dos desafios, uma vez que eles se
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