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Temos dificuldades no relacionamento com adolescen-
tes porque asfixiamos a nossa adolescência, porém, não
a matamos, pois ela segue latente em algum lugar dentro
de nós, no coração dos pais e professores, até o momento
em que a vida pede que ela se revele.
Falta, muitas vezes, assertividade na exposição das
ideias, que sempre vêm acompanhadas da ausência de
paciência entre as partes.
Pais e educadores não aceitam que suas falas “educati-
vas” sejam confrontadas pelo adolescente, que eles julgam
estar sempre em posição inferior e ser inaptos a participar
do próprio processo educativo.
“Me deixem falar!” é um pedido que muitos corações in-
fantojuvenis fazem silenciosamente a seus pais e professo-
res, no sentido de desejarem manifestar o que vivenciam
em seu psiquismo, em seu coração, mas que poucos estão
preparados ou dispostos a ouvir. É uma manifestação nem
sempre verbalizada devido à fala, por vezes, opressiva dos
educadores. Mas ela é sempre evidenciada por meio de um
olhar, de um gesto silencioso ou da atitude de isolamento
de quem solicita ajuda e merece respeito.
Sim! O pedido de escuta pode estar no silêncio que eles
manifestam, no afastamento gradativo, na irritação con-
tinuada, na falta de interesse por coisas e situações que
antes eram primordiais na rotina de vida.