Page 28 - Se Você Não Se Curar do Que Te Feriu… | Candeia.com
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forte rugido como resultado da dor aguda experimentada, de
tal sorte que todos na floresta ouviram.
O ratinho recuou assustado tão logo o leão se deu conta de
sua presença – com o espinho na boca, sua ponta molhada de
sangue.
Quando ia reagir, o leão sentiu um profundo alívio da dor
que sentia, e uma calma hipnotizante foi tomando conta dele,
até que adormeceu.
Não se sabe por quanto tempo o leão dormiu, mas, quando
despertou, encontrou sua pata cuidada pelo ratinho, que passou
nela um preparado de ervas e a enfaixou assim que ele adorme-
ceu, indo embora em seguida.
A partir de então, já não tinha mais dor e, naquela floresta,
não se ouviu mais o seu rugido ameaçador.
Calmamente, ele saiu de sua caverna e, ao ver a luz do sol,
alegrou-se e correu para encontrar com o seu bando, que já
estava distante dali…
E o rato?
Vendo a cena de longe, sorriu aliviado.
Junto com ele, toda a floresta sorriu.
X
Somos todos leões, somos todos ratos e somos todos floresta.
Há muitas feridas ocultas em nossa intimidade – vindas da
infância e das relações com pais, cuidadores, familiares e refe-
renciais do processo de desenvolvimento, como professores ou
líderes religiosos – que estão ativas nas profundezas do cora-
ção como dor silenciosa ou manifestadas nos relacionamentos
atuais, como defesas e reatividades, sustentando movimentos
de controle, evitação, insegurança, medo, dificuldade de envol-
vimento, ciúmes, possessividades, carências e até mesmo abusos
e violências.