Page 48 - Dentro de Mim | InterVidas
P. 48
O interessante, porém, é que eu vivia um paradoxo:
durante as minhas palestras, eu era alguém muito aber-
to, franco, expansivo, confiante, o contrário de como
agia fora do palco – fechado, tímido, inseguro, vulnerá-
vel ao que o outro pensava de mim. Perguntei ao meu
analista se eu não estaria usando máscaras na palestra, se
não estaria sendo verdadeiramente quem sou. A resposta
dele foi enfática: “Você usa máscaras na vida cotidiana;
no palco você é a sua essência, o melhor de você!”.
Fiquei surpreso e estático ao mesmo tempo! A res-
posta entrou em mim como o sol no quintal! Foi aí
que me dei conta de que, até então, estava vivendo mais
identificado com o “eu inferior” do que com a minha
essência divina, naturalmente capaz e afetuosa. Era hora,
pois, de crescer, centralizar a vida no amor, no “eu supe-
rior”, e não no ego, por si só frágil e insuficiente. Ao lado
da oração, a meditação tem sido um excelente recurso
para me reconectar ao “eu divino”, pois me devolve ao
paraíso que perdi quando me distanciei da coisa mais
rica que Deus havia me legado: o amor em mim!
O analista do Belchior disse que o amor é uma coisa
mais profunda que um encontro casual. Convenci-me
de que esse era um trabalho para a vida toda! Por isso,
meu coração, aos poucos, vem se degelando. A cone-
xão com o meu sol interior vem se restabelecendo, e a
presença do amor em mim traz a sensação incrível de
liberdade de ser quem eu sou, como eu sou. E só o que
308