Page 45 - Dentro de Mim | InterVidas
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aprovado no concurso da Magistratura. Publiquei meu
           primeiro livro espírita aos 37 anos. No entanto, apesar

           dessas conquistas, a angústia do goleiro não me largava…
           Não me sentia realizado, feliz. Sofria demasiadamente
           com críticas. A aprovação do outro era como oxigênio,
           sem o qual eu não conseguia viver. Fazia de tudo para
           agradar às pessoas, escondendo ou até negando as mi-
           nhas opiniões e os meus sentimentos. Os elogios que

           recebia não encontravam eco em meu coração.
               Aparentemente, eu era um homem caridoso, socor-
           ria muita gente; contudo, dentro de mim, havia uma
           criança órfã de amor. A certa altura da vida, comecei
           a sentir uma frieza interior muito grande, como se eu
           fosse um “robô”, sem qualquer tipo de emoção humana.

           Não conseguia sentir nenhuma alegria com as minhas
           conquistas, não via graça nas coisas, sentia-me indife-
           rente, o mundo me parecia cinza. Eu havia me tornado
           um bloco de gelo.
                Procurei ajuda. Aí, o analista amigo meu disse que
           meu problema era “desconexão interior”. Eu havia rom-

           pido a ligação com a minha essência, com o meu centro
           interior, amoroso, passando a viver exclusivamente das
           máscaras que eu havia me posto para receber o aplauso,
           o afeto, a aprovação, a consideração, o apoio e o elogio
           dos outros, ainda que, para receber tudo isso, eu tivesse
           que ser infiel aos meus sentimentos. Para sobreviver do
           amor do outro, eu amorteci os meus desejos, as minhas



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