Page 47 - Dentro de Mim | InterVidas
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elucidaria a questão: eu havia trazido para esta vida as
heranças egocêntricas do passado. Aquela criança, apa-
rentemente pura e inocente, encobria um Espírito com
milenares experiências. Estava de volta o “reizinho” de
outras vidas, que, até então, vivera infantilmente, exi-
gindo ser o centro do universo, dependente do olhar
alheio, querendo que todos atendessem a seus ilimitados
desejos…
Agora, essa criança renasceria num lar modesto,
educado por uma genitora que não era pródiga em afa-
gos, no entanto era firme na disciplina do meu caráter,
ainda imaturo. Os discursos mais frequentes de minha
mãe ressaltavam a importância da responsabilidade que
cada um deve ter por si mesmo na condução de sua
vida. Logo pela manhã, ao me tirar da cama, sua voz de
comando dizia, sabiamente: “Vamos cuidar da vida, que
a morte é certa!”
Eu aproveitei bem os conselhos maternos na estru-
turação da minha vida exterior. Estudei, me formei, en-
contrei a minha independência profissional e financeira.
No campo íntimo, porém, eu continuava com um nível
de autoestima insatisfatório. Por mais e melhor que eu
fizesse, se não houvesse um sinal de aprovação alheia,
minhas estruturas internas estremeciam, e o ar parecia
faltar. Como eu estava desconectado de mim mesmo, a
sensação era a de que eu não existia sem o olhar do outro.
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