Page 33 - Casulo de Segredos | Infinda
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— E eu faço parte do pagamento? – indignou-se Anne com lá-
grimas escorrendo pela face.
— Não diga isso! – repreendeu dona Augustine. – Não é bem
assim… e além do mais o conde é um velho amigo de seu pai.
— Exatamente, mamãe: um velho amigo de papai…
— Você está me saindo uma grande birrenta, Anne. Por acaso
quer virar uma solteirona?
— Pois preferiria. Talvez se me mandassem para um convento,
seria melhor ideia e eu caria mais satisfeita – respondeu com a
voz embargada e as lágrimas a correrem pela face.
— Vejo que não tem acordo com você – concluiu sua mãe, le-
vantando-se.
— Que acordo? Ninguém questionou sobre minha opinião ou
vontade. Já está tudo arranjado, não é mesmo, mamãe? Mandaram
até uma escolta para eu não fugir. E devem temer mesmo que eu
fuja, pelo número de soldados lá fora. Até o capitão veio junto!
— Pedirei a Madeleine para lhe ajudar amanhã com a arrumação
de suas malas. Ela irá com você. Será sua dama de companhia. Boa
noite, minha lha.
Sua mãe saiu do quarto e Anne deitou-se na cama, tomada por
um choro convulsivo. Para ela não seria uma boa noite. Seus so-
nhos de adolescente tinham acabado naquele dia.
Mesmo sabendo do acordo do casamento, imaginava encon-
trar um grande amor que pudesse salvá-la desse pacto. Chorou até
adormecer de cansaço.
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lher de trinta e cinco anos, baixa, rechonchuda, falante e agitada.
Às vezes parecia que ela era mais nova que Anne pelas atitudes
espalhafatosas e por falar sem pensar. Vivia com a família Lambert
desde os quinze anos, quando Jacques nascera, e fora ajudar dona
Augustine com o bebê. Era a dama de companhia da família desde
aquela época.
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