Page 43 - Abraço à Sombra | Candeia.com
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Então, eu olho para essa criança, com a expressão ainda mais
                 próxima, parceira e solidária que posso, e sigo acolhendo:
             “Vem cá, deixa eu te dar um colinho… Deixa eu murmurar
                 uma música, enquanto nino seu coração junto ao meu,
                 para a frente e para trás, vamos respirar juntas…”.
             “Vem… Deixa eu te tranquilizar.
              Deixa eu te dizer que seu valor existe, e
                 não há quem conteste isso.
              Que não precisa sentir prazer na derrota de
                 ninguém para se atribuir valor.
              Que esses aspectos infantis – todos e cada um – são anos
                 e anos, Vidas e Vidas, repetindo esses tropeços.”


              Vícios morais que se perpetuam. Antigos conhecidos. Tal
                 qual trilhas cujas marcas vejo fortemente registradas
                 nos gramados. Caminhos esses que, de tão abertos,
                 fazem-me sentir irresistivelmente atraída por passar
                 por lá, aturdida pelo vício de percorrer o mesmo lugar.


             “Vem cá, deixa eu te mostrar que existem caminhos diferentes.
              Uma forma inédita de sentir com relação ao outro.
              Uma maneira nova de se deixar inspirar pela Vida.
              Um jeito surpreendente de agir diante dos lances inesperados.”


              Tem muitas trilhas a serem percorridas dentro de mim.
              No entanto, não vou mais abri-las à base de força, repressão.
              De grito, culpa, entorpecimento, fuga.
              De ignorar fatos, de tampar o Sol com a peneira…
              Nem mesmo de encher a cara de brigadeiro, não…




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