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P       or que a primeira mensagem do livro Minutos de sabe-


                     doria desencoraja as críticas? Existiria algum motivo
                     especial para essa ser a primeira das 288 mensagens
                     publicadas no livro? Não me parece que a escolha te-
                     nha sido aleatória, considerando o metódico trabalho
                     de seleção dos assuntos por parte do autor e de recon-
                     figuração dos textos originais extraídos do roteiro de
                    Três minutos de sabedoria, programa de rádio da década
                     de 1950.
                        A mim, parece-me que essa mensagem de Pastorino
                     tem múltiplos alcances, mas o fato de ser a primeira
                     do livro lhe empresta um sentido de urgência que per-
                     manece rigorosamente atual. É assustador viver num
                     mundo onde a maioria das pessoas parece ter certe-
                     zas incontestáveis sobre quase tudo, e poucas dúvidas.
                     Refugiados nessa trincheira das “verdades inquestio-
                     náveis”, muitos de nós cedemos à tentação de criticar
                     quem está no caminho supostamente errado. A metra-
                     lhadora giratória das críticas encontra hoje, nas redes
                     sociais, o lugar perfeito. A depender das plataformas,
                     melhor seria chamá-las de redes antissociais, porque
                     fomentam a agressão deliberada e gratuita disfarçada
                     de crítica.
                        A mensagem parece aludir a diferentes passagens
                     do Evangelho de Jesus. “Como é que vedes um argueiro
                     no olho do vosso irmão, quando não vedes uma trave
                     no vosso olho?” [Mt 7:3], sugeriu o Mestre, conhecendo
                     nossa inclinação para a crítica sistemática, sem qual-
                     quer proveito a não ser o prazer de espezinhar a vítima




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