Page 29 - As Parábollas de Jesus (Evangelho de Mateus) | Candeia.com
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Cerca de um terço do conteúdo dos evangelhos sinópti-
cos é escrito em forma de parábolas, que exigem dedica-
ção para a compreensão dessa forma de comunicação,
enraizada na cultura do povo hebreu. O estudo das pa-
rábolas constitui um alicerce comum dentre os mais di-
versos elementos necessários para o entendimento do
Evangelho e dos ensinamentos de Jesus.
A herança do judaísmo – suas tradições, costumes,
cultura, expressões idiomáticas e leis – é essencial para
a compreensão das parábolas. A ausência de um ou mais
desses elementos associados e a tradução da mensagem
de Jesus do aramaico e do hebraico para o grego fizeram
com que, ao final do primeiro século da eC, fosse parcial-
mente perdido e distorcido o sentido mais autêntico de
muitas mensagens que transcenderiam o tempo.
A tradição do povo judeu com as parábolas demons- 27
tra a natureza divina em uma espécie de encenação da
vida comum, em que o mais ininteligível e inacessível de
Deus se faz conhecido nas mais simples situações da vida.
As parábolas sempre visam a trazer mensagens prá-
ticas da vontade mais elevada da inteligência suprema
divina, manifestando-se no simples e surpreendente dia
a dia, clarificando toda uma lição intelecto-religiosa em
situações do cotidiano, diferentemente das leis judaicas
que podem ser práticas – objetivas pela permissividade
ou proibitivas com atos exteriores – e podem deixar de
lado as intenções verdadeiras do coração.
As parábolas são carregadas da manifestação do amor
divino e do propósito de Deus para com a humanidade.
Enquanto a halachá expressa o dever da prática, as pará-
bolas ensinam a essência da prática do dever, trazendo

