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a ilusão de que já vivemos plenamente o que lemos nos
livros. Como se não houvesse uma longa jornada entre
um ponto e outro.
Refiro-me mais diretamente aos espíritas por serem
aqueles com os quais interajo frequentemente, mas sei
que essa amostra reflete um grupo muito maior de pes-
soas que seguem uma religião. Escândalos e decepções
envolvendo figuras públicas de diversas denominações
religiosas têm trazido à tona verdades incômodas so-
bre desvios humanos, corroendo grupos e indivíduos de
dentro para fora.
Pergunto a essas pessoas sobre suas experiências di-
retas com a fé, com a espiritualidade e com Deus. Na
esmagadora maioria dos casos, a resposta é o silêncio
ou o relato de uma lembrança já distante na memória.
A experiência pessoal no campo da fé, o cultivo da es- ( )
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piritualidade e o relacionamento cotidiano com Deus
são itens escassos, mesmo entre os que se consideram
religiosos ou espiritualistas.
Há muito Jesus nos alertou, diante das irmãs de Lá-
zaro, sobre a importância de escolher a melhor parte,
aquela que não seria tirada de nós. Enquanto Marta se
ocupava das tarefas materiais, preocupada e incomo-
dada com a postura da irmã, Maria se deleitava com a
presença do Mestre, vivendo intensamente a experiên-
cia mais importante de sua vida. É certo que Jesus não
se opunha ao serviço ativo no bem, mas fez questão de
alertar sobre o excesso de atividades que nos distraem
da essência. Entre os religiosos, como previsto por Ele,
temos muitas mãos operosas como as de Marta, mas
raros corações conectados ao Mestre como o de Maria.