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somente ao mal que chega diretamente até mim, talvez
me sentisse mais feliz. Todavia, enquanto observo mi-
nhas três filhas brincando tranquilamente no chão da
sala de casa, sei que tantas outras crianças vivem em
zonas de guerra, completamente vulneráveis e despro-
vidas de proteção.
Minha hipótese, portanto, não é a de que a maldade
tenha aumentado, mas a de que estamos mais cons-
cientes do que é o mal e mais informados sobre suas
ocorrências. Situações que aplaudiríamos há dois mil
anos, hoje, provavelmente, nos causam horror. Isso é
uma boa notícia, embora não resolva o problema em
si. Contudo, ao discernir mais sobre o bem e o mal e ter
mais acesso às notícias, um tsunami de impotência e
pessimismo pode nos atingir, e é nesse ponto que o amor
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( ) de muitos se esfria.
Nos últimos anos, tenho observado algo comum en-
tre as pessoas que me procuram para conversar após
palestras espíritas ou nas redes sociais: a sensação de
esfriamento da religiosidade.
“Após tantos anos frequentando intensamente tra-
balhos e palestras da minha casa espírita, já não sei se
acredito como antes” – é o que já ouvi inúmeras vezes.
Na maioria dos casos, o relato vem acompanhado de
alguma desilusão: com um médium, um palestrante, um
dirigente ou um companheiro de atividade. Como disse
o Espírito Emmanuel, a desilusão é a “visita da verda-
de”. Talvez estivéssemos acalentando uma expectativa
equivocada sobre aqueles com os quais nos desiludi-
mos, colocando-os em pedestais invisíveis ou criando