Page 25 - Caminha Que a Vida Te Encontra | Candeia.com
P. 25
frequentes passam a fazer parte de nós em todos os ní-
veis. Há que se permitir não ter que ser constante nem
corresponder a expectativas alheias, porque há um lento
movimento oculto acontecendo lá nas raízes de nossas
almas. E um broto de esperança cresce no seu tempo…
Pequenas notícias do mundo passam a nos interessar
e nos sentimos convidados a sair das defesas imensas.
E, se aceitamos esse convite, nossa alma desperta para
algo além de nosso sofrimento. Inicia-se, assim, o que
chamamos de sentido do sofrimento. É quando final-
mente conseguimos integrar toda a dor sentida na nossa
história de vida. “Este que sofre também sou eu, mas
não me representa por inteiro. Mas eu, ao atravessar
essa dor tão intensa, já não sou mais o mesmo. O que eu
fiz de mim? Quem eu me tornei depois dessa travessia?”
É para contar sobre minhas descobertas nessa tra-
vessia que escrevo. Não escrevo para os céticos, para os
distraídos, fanáticos ou irônicos; não escrevo aos que já
desistiram. Falta-me paciência para ficar junto daqueles
que se consideram autossuficientes em suas verdades
imediatas. Esses ainda precisam de mais tempo jun-
to da dor para romperem com tantas defesas e muros
construídos diante de suas dificuldades. Escrevo para
aqueles que já os romperam: os insistentes, os buscado-
res, os sedentos, os que se perguntam como podem se
mover, os que se machucam e sofrem por darem voltas
em círculos. Para os que se incomodam, os que gritam
e choram, os que andam mas não sabem para onde vão
e nem onde querem chegar. Esses encontram-se abertos,
sangram, mas estão interessados em fechar feridas, e
22 • 23