Page 12 - Autoamor | Candeia.com
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Minha alma, onde estás? Tu me escutas? Eu falo e
                           clamo a ti – estás aqui? Eu voltei, estou novamente
                         aqui – eu sacudi de meus pés o pó de todos os países
                          e vim a ti, estou contigo; após muitos anos de longa
                           peregrinação voltei novamente a ti. Devo contar-te
                            tudo o que vi, vivenciei, absorvi em mim? Ou não
                      queres ouvir nada de todo aquele turbilhão da vida e do
                         mundo? Mas uma coisa precisas saber: uma coisa eu
                                        aprendi: que a gente deve viver a vida.
                                Esta vida é o caminho, o caminho de há muito
                          procurado para o inconcebível, que nós chamamos
                           divino. Não existe outro caminho. Todos os outros
                     caminhos são trilhas enganosas. Eu descobri o caminho
                         certo, ele me conduziu a ti, à minha alma. Eu retorno
                            retemperado e purificado. Tu ainda me conheces?
                             Quanto tempo durou a separação! Tudo ficou tão
                       diferente. E como te encontrei? Maravilhosa foi minha
                        viagem! Com que palavras devo descrever-te? Por que
                       trilhas emaranhadas uma boa estrela me conduziu a ti?
                           Dá-me tua mão, minha quase esquecida alma. Que
                           calor de alegria rever-te, minha alma muito tempo
                       renegada! A vida reconduziu-me a ti. Vamos agradecer
                          a vida o fato de eu ter vivido todas as horas felizes e
                                        tristes, toda alegria e todo sofrimento.
                         Minha alma, contigo devo continuar minha viagem.
                        Contigo quero caminhar e subir para minha solidão...


                                                             Carl Gustav Jung,
                                                   2010, Livro Vermelho, p. 232
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