Page 36 - André Trigueiro - A Força do Um | Infinda
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várias vezes. As pessoas à volta prestam atenção. De algu-
ma maneira, aquilo as surpreende e esse gesto costuma ge-
rar algum desconforto: “Nossa, por que ele parou e pegou o
lixo que não é dele? Por que ele vai se importar com o lixo
dos outros?”
Talvez isso aconteça porque, no senso comum, a rua é
lugar de ninguém. Mas quando invertemos esse entendi-
mento, e preferimos acreditar que a rua é o lugar de todos,
algo importante acontece. Fica difícil normatizar o despre-
zo pelo coletivo embutido no simples gesto de jogar o lixo
no chão. Quem reage a isso realiza “a força do um”. Contra-
ria expectativas e surpreende os que estão à volta. Sinaliza
o comprometimento pessoal com um projeto coletivo, com
algo maior, nobre e urgente.
Portanto, em diferentes quadrantes da vida, todos nós
podemos fazer a diferença em favor de um mundo me-
lhor, mais justo, ético, um mundo onde tenhamos menos
egoísmo e mais solidariedade. A força do um transforma a
realidade de todos. Esse é um exercício civilizatório a que
todos nós, sem exceção, estamos sendo constantemente
convidados a realizar.
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